Alvaro Tallarico: A alma do mar e o legado cultural da Marinha no Rio de Janeiro

A Marinha do Brasil preserva, no coração do Rio, um legado histórico e cultural que vai de museus a igrejas, passando por fortalezas, ilhas e embarcações marcantes

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Foto: Daniel Martins/Diário do Rio

O Rio de Janeiro e o mar sempre caminharam juntos. Além de sua posição geográfica estratégica, a cidade carrega uma herança naval profunda, onde cultura, fé, história e educação se entrelaçam. A presença da Marinha do Brasil na capital fluminense vai muito além da defesa do território: é um verdadeiro mergulho na memória nacional. Se o mar tem alma, quem são aqueles que navegam por ele? Uma palavra sempre surge em minha mente quando penso sobre isso: coragem.

O mar é uma mescla de medo e poesia, arrebatamento e alegria, solidão e imensidão. A Marinha do Brasil é aquela que cuida e abraça sempre de prontidão, esse país continental. Entre o céu e as marés, a Marinha é a guardiã dos sonhos e das rotas do Brasil. Protege nossas águas com bravura silenciosa, vela pelos navios que cruzam o horizonte, resgata vidas em tormentas e cuida para que o mar não adoeça com a imprudência humana. Uma forma de aprender mais sobre isso e se conectar é conhecer alguns dos pontos clássicos onde ela está mais presente no RJ.

Ilha Fiscal: o último baile do Império

Um dos maiores símbolos é a Ilha Fiscal, famosa por sediar o lendário “Último Baile do Império” em 1889, o qual ocorreu dias antes da Proclamação da República. Com seu palacete neogótico, a ilha encanta pelo visual e pela história. Desde 1913 sob responsabilidade da Marinha, hoje é parte do Complexo Cultural da Marinha e recebe visitantes interessados em reviver esse capítulo do Brasil imperial.

Espaços culturais e museológicos

No centro do Rio, o Museu Naval abriga diversos modelos de embarcações, armas, medalhas e documentos que contam como o poder marítimo ajudou a moldar o país. Já o esplêndido Espaço Cultural da Marinha, na Orla Conde, aproxima o público da vida no mar com atrações como o Submarino Riachuelo, o Contratorpedeiro Bauru, a réplica da Nau dos Descobrimentos e a centenária Galeota D. João VI, a embarcação usada pela Família Real portuguesa em passeios pela Baía de Guanabara.

Foto: Divulgação Marinha do Brasil

Além das exposições, há alguns passeios náuticos e visitas guiadas, que ampliam a experiência e reforçam a importância da tradição naval na formação do Rio como cidade cultural e estratégica.

Fé e tradição militar

Como alma que tem, a Marinha também mantém vínculos com a fé. Isso acontece também através de igrejas históricas, como a Igreja de Santa Cruz dos Militares, de 1811, onde militares e suas famílias cultivavam a espiritualidade. Outro templo com relação à história naval é a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, que testemunhou momentos marcantes da monarquia e da vida religiosa ligada ao mar.

Maio: um mês de marcos históricos para a Marinha

O mês de maio é particularmente significativo na história da Marinha do Brasil, marcado por eventos que reforçam seu papel na construção da nação:

  • 8 de maio – Dia da Vitória: Comemora-se o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 1945. A Marinha do Brasil teve papel crucial na proteção das rotas marítimas do Atlântico Sul, escoltando mais de 3 mil embarcações e enfrentando submarinos inimigos.
  • 15 de maio – Dia do Armamentista: Celebra-se a importância dos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento, manutenção e inovação dos sistemas de armamentos navais, fundamentais para a soberania e defesa do país.
  • 29 de maio – Dia Internacional dos Mantenedores da Paz das Nações Unidas: Data que reconhece os esforços de militares brasileiros, incluindo os da Marinha, em missões de paz ao redor do mundo, promovendo estabilidade e segurança em regiões conflituosas.

Curiosidades que contam muito

  • O Submarino Riachuelo navegou mais de 181 mil milhas náuticas antes de se transformar em atração aberta ao público.
  • A Galeota D. João VI, construída em 1808, ainda encanta com sua imponência histórica.
  • O Arsenal de Marinha do Rio, fundado no século XVIII, segue em atividade, mantendo viva a vocação naval da cidade.

Mais que proteção: patrimônio vivo

É fácil perceber como Marinha não é apenas uma força de defesa, mas também guardiã de um belo acervo cultural que ajuda a contar a história do Brasil. Visitar seus museus, embarcações e centros culturais é uma oportunidade de compreender como o mar moldou a identidade carioca e nacional. O Rio de Janeiro, cercado de mar e história, é um eterno palco dessa travessia entre passado, presente e futuro.

Navy Culture Preserved in Rio de Janeiro Museum Ships – SeaWaves Magazine

Confira algumas das opções turísticas que tem ligação com a Marinha

Espaço Cultural da Marinha (ECM)

Localizado na Orla Conde, no Centro do Rio, o ECM é um centro cultural que apresenta ao público a história naval brasileira. Entre as atrações estão o Submarino Riachuelo, o Contratorpedeiro Bauru, a réplica da Nau dos Descobrimentos e a Galeota D. João VI. O espaço também oferece passeios marítimos pela Baía de Guanabara e visitas à Ilha Fiscal. (Marinha do Brasil)

Submarino Riachuelo no Espaço Cultural da Marinha

Ilha Fiscal

Famosa por sediar o “Último Baile do Império” em 1889, a Ilha Fiscal é um dos ícones históricos do Rio. O palacete em estilo neogótico abriga exposições sobre a história da ilha e da Marinha. O acesso é feito por meio de embarcações que partem do ECM.

  • Visitação: Quinta a domingo, com horários às 12h45, 14h15 e 15h30
  • Ingressos: R$ 50 (inteira) | R$ 25 (meia)

Passeio Marítimo na Baía de Guanabara

Realizado a bordo do Rebocador Laurindo Pitta ou da escuna Nogueira da Gama, o passeio oferece uma vista privilegiada de diversos pontos turísticos e históricos da cidade, como a Fortaleza de Santa Cruz, o Pão de Açúcar e a Ponte Rio-Niterói. (Fantasma Boat)

Museu Naval

Situado em um prédio histórico no Centro do Rio, o Museu Naval possui um acervo que inclui modelos navais, obras de arte, canhões resgatados de navios naufragados e documentos históricos. A exposição “O Poder Naval na Formação do Brasil” destaca a importância da Marinha na história do país. (Riotur.Rio)

  • Endereço: Rua Dom Manuel, 15 – Centro, Rio de Janeiro/RJ(Museu Marítimo do Brasil)
  • Funcionamento: Quinta a domingo, das 13h às 17h
  • Entrada: Gratuita
Museu Naval – Foto: Gov.br

Fortaleza de Santa Cruz da Barra

Localizada em Niterói, a fortaleza é um exemplo da arquitetura militar colonial brasileira. Oferece visitas guiadas que exploram sua história e importância na defesa da Baía de Guanabara.

  • Endereço: Praia de Fora, s/n – Jurujuba, Niterói/RJ
  • Funcionamento: Terça a domingo, das 9h às 17h(Marinha do Brasil)

Ilha da Boa Viagem

Também em Niterói, a ilha abriga uma capela histórica e foi utilizada pela Marinha como escola de aprendizes marinheiros no século XIX. Atualmente, é um ponto turístico com acesso por uma ponte.

  • Endereço: Praia de Boa Viagem, Niterói/RJ
  • Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 17h
Ilha da Boa Viagem está aberta para visitação de terça a domingo, das 10h às 17h / Alex Ramos (Prefeitura de Niterói)

Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ)

Situado na Ilha das Cobras, o AMRJ é responsável pela construção e manutenção de embarcações da Marinha. Embora não seja aberto ao público, sua importância histórica e estratégica é significativa.

Edifício Almirante Tamandaré

Localizado na Orla Conde, o edifício abriga organizações militares da Marinha e é um marco arquitetônico do Centro do Rio. Foi inaugurado em 1935 e é um exemplo da arquitetura do Estado Novo.

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