Fumaça branca: o mundo conhece um Leão disposto a lutar pela paz

Em seu primeiro pronunciamento, disse sete vezes a palavra “paz”, em apenas quatro minutos de fala. Novas esperanças surgem com o Pontífice Romano, o líder da Igreja Católica, que deseja construir pontes e promover o diálogo.

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Depois da fumaça branca que anuncia ao mundo um novo sucessor de Pedro, há quem veja nela um sinal de que bandeiras brancas estarão sendo hasteadas nos campos de conflito e guerra. A escolha do nome “Leão” não passa despercebida. Carrega em si o símbolo de uma liderança firme, corajosa, que ruge contra as trevas e enfrenta o caos com postura de combate, mas que também é capaz de proteger, conduzir e, acima de tudo, pacificar.

A imagem não é nova. Está impressa nas Escrituras. Jesus é o Leão da tribo de Judá: um Rei que, embora manso como um cordeiro, jamais foi fraco; um Salvador cuja majestade não está no domínio pela força bruta, mas na entrega de si mesmo, na autoridade de quem reina com serviço e verdade.

Ao escolher se chamar Leão, o novo Papa dialoga com essa herança bíblica e espiritual, mas também presta uma homenagem direta a outro Leão, o XIII, que em 1891 ofereceu ao mundo um documento que marcaria para sempre a atuação da Igreja no campo social — a encíclica Rerum Novarum. Ali se delineava a Doutrina Social da Igreja, um esforço claro e firme de enfrentar as injustiças promovidas tanto por sistemas materialistas totalitários que anulam a dignidade humana quanto pelo capitalismo selvagem que transforma pessoas em peças descartáveis da máquina produtiva.

Leão XIII ergueu a voz da Igreja em nome dos trabalhadores, dos explorados, dos esquecidos. O novo Papa Leão XIV parece saber que o mundo de hoje exige novo fôlego nessa mesma direção: falar de economia, mas com evangelho e acolhimento; apontar caminhos que rompam o consumismo frenético e restaurem a centralidade da pessoa humana.

Mas antes de Leão XIII, houve ainda outro rugido sagrado na história da Igreja. São Leão Magno, doutor da fé, enfrentou um Átila sedento por conquista — o “flagelo de Deus” que marchava rumo a Roma. Não empunhou espadas, mas palavras. E com elas deteve o invasor, salvando a cidade sem derramar sangue.

Foi também este Leão quem enfrentou heresias perigosas, reafirmando, no Concílio de Calcedônia, a plena verdade sobre Cristo: verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Um Leão que protegeu tanto a cidade quanto a fé.

Hoje, o mundo vê-se novamente cercado por novos Átilas: líderes que marcham com arrogância, alimentando guerras culturais, devastando nações com políticas que saqueiam recursos dos idosos e fragilizados. Frente a isso, ergue-se o novo Papa, que se apresenta como Leão para defender e formar uma barreira de valores diante da economia digital que desqualifica o ser humano.

E talvez não tenha sido por acaso que, em apenas quatro minutos de sua saudação inicial, pronunciou sete vezes a palavra “paz”. Não uma paz vazia ou estratégica, mas uma paz que brota de princípios, da dignidade inegociável de cada ser humano. Uma paz que possa selar o fim de guerras fraternicidas, na Ucrânia, Israel, Índia e em tantos lugares pelo mundo onde a solução das armas está se sobrepondo a um diálogo respeitoso.

Este novo Papa fala primeiro ao seu povo: aos católicos, que compreendem com o coração e os joelhos dobrados os sinais da eleição, a continuidade dos ritos e a presença silenciosa e vigorosa do Espírito Santo que, mesmo entre as rachaduras do mundo, garante que as portas do inferno não prevalecerão sobre a Igreja.

Ele é pastor dos que reconhecem na fumaça branca a fidelidade de Deus. Para os católicos, os belos ritos do Concílio, a música em latim, os símbolos mostram a beleza e a presença viva do Espírito Santo no coração da Igreja.

Mas ele não se detém ali. Sua voz alcança também os demais cristãos: ortodoxos, com quem há séculos de história compartilhada, protestantes e neopentecostais que, embora tenham deixado a barca de Pedro, mantêm a sede de Cristo. A mensagem é clara: a Igreja deve sair, ir ao mundo, caminhar em comunhão — não em uniformidade, mas em unidade.

E Leão XIV estende a mão também aos judeus, irmãos de sangue e de promessa, com quem partilhamos o Deus da aliança e da história.

Por fim, o novo Papa fala ao mundo inteiro. Ele desafia todas as gentes, todas as línguas e nações a superarem muros, quebrarem barreiras, construírem pontes — porque é isso que significa ser pontífice. Leão XIV ruge com palavras de paz, mas carrega nos olhos a firmeza de quem sabe que a paz custa caro.

Um homem formado na cultura e profundidade teológica de Santo Agostinho, mas cuja primeira graduação é como matemático — vocacionado para a beleza do universo que se traduz por números.

Depois, avançou em sua formação na área do Direito Canônico e na Administração dos Bispos de todo o mundo. Interessante como este homem foi moldado para a missão que agora se lhe apresenta: se fortaleceu como missionário no interior da América Latina; como gestor, enquanto foi prior mundial da Ordem dos Agostinianos; e, por fim, aprendeu sobre a Igreja e sua realidade diversa com os bispos de todo o mundo.

Impossível não perceber como o próprio Espírito vai esculpindo e moldando aqueles que estão dóceis e disponíveis ao serviço da messe. E seu tempo começa agora.

E para concluir: sempre nestas épocas de transição, surgem profecias, medos e maledicências. E, ainda mais nestes tempos de redes sociais, há sempre alguma terrível predição que anuncia um possível desastre.

Mas o próprio Jesus nos disse para não termos medo, pois Ele estaria conosco ao longo da caminhada. Portanto, avancemos com alegria, na construção de pontes e da unidade.

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